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Tão conhecida quanto controversa, a linguagem Python é, sem dúvidas, uma das mais populares atualmente. Mas como é que se aprende ela, afinal?

Extremamente poderosa, o Python foi criado pelo holandês Guido van Rossum em 1991, com a proposta de ter uma sintaxe mais simples para favorecer a produtividade do programador. O propósito original também era atender a algumas necessidades de uso no Instituto de Pesquisa Nacional para Matemática e Ciência da Computação (CWI), nos Países Baixos. Percebe-se, então, que ele tem uma origem para uso muito específica, isto é, atender às necessidades do instituto; é por isso que ela demorou tanto a se tornar de fato popular: seu desenvolvimento foi orgânico e levou várias décadas para chegar ao nível do que é hoje.

Python é capaz de atender a quase todas as necessidades que você talvez tenha. Suas áreas de utilidade são muitas: ciência de dados, desenvolvimento de back-end, inteligência artificial, criação de grafos etc. Além disso, ela é multiparadigmática: a linguagem aceita programação funcional, orientada a objetos e imperativa. Por fim, ela adota uma tipagem dinâmica e uma sintaxe extremamente simples de se aprender e utilizar, sendo, por isso, a linguagem preferida de todos aqueles que estão começando no mundo da programação.

A filosofia de Python

Tim Peters, um engenheiro de software que programa em Python há décadas, escreveu em 1999 uma coleção de 19 princípios escritos em formato de poema, que se chama Zen of Python. Eles definem a filosofia da linguagem, expondo com perfeição as ideias por trás da criação e de seu desenvolvimento, com isso dando um norte de como ela foi pensada e do que ela é capaz de fazer. Você pode ler o poema a seguir:

  • Bonito é melhor que feio.
  • Explícito é melhor que implícito.
  • Simples é melhor que complexo.
  • Complexo é melhor que complicado.
  • Linear é melhor do que aninhado.
  • Esparso é melhor que denso.
  • Legibilidade conta.
  • Casos especiais não são especiais o bastante para quebrar as regras.
  • Ainda que praticidade vença a pureza.
  • Erros nunca devem passar silenciosamente.
  • A menos que sejam explicitamente silenciados.
  • Diante da ambiguidade, recuse a tentação de adivinhar.
  • Dever haver um — e preferencialmente apenas um — modo óbvio para fazer algo.
  • Embora esse modo possa não ser óbvio a princípio a menos que você seja holandês.
  • Agora é melhor que nunca.
  • Apesar de que nunca normalmente é melhor do que *exatamente* agora
  • Se a implementação é difícil de explicar, é uma má ideia
  • Se a implementação é fácil de explicar, pode ser uma boa ideia
  • Namespaces são uma grande ideia — vamos ter mais dessas!

Essa lista basicamente explica todas aquelas utilidades para o Python que citamos anteriormente. Como você vai notar, esta é uma linguagem utilizada para aplicações extremamente complexas. É por isso, então, que o foco da sintaxe e semântica dela é manter o código simples; embora o todo da aplicação seja extremamente complexo, com coisas como inteligência artificial e ciência de dados, pelo menos as pequenas partes do código serão simples de se ler e entender.

E por que começar com ele?

Apesar de ser amado por alguns e odiado por outros, é fato que a grande maioria dos programadores atuais iniciaram seus aprendizados pelo Python. No mínimo, passaram por ele em algum momento de sua caminhada. A sua fama e a sua imensa quantidade de usos é inegável, mesmo para aqueles que não gostam da forma como a linguagem organiza o código. É por isso que, mais hora ou menos hora, é inevitável entrar em contato com ela.

Mas, afinal, por que valeria a pena investir tanto tempo e esforço no Python? O que faz dele tão famoso? Para explicar isso, trouxemos uma lista com alguns dos principais motivos:

Multiplataforma

Podemos utilizar o Python em diversos sistemas operacionais diferentes , como Linux, Windows e macOS, além de formas portáteis que nem sequer precisam instalar a linguagem na máquina de fato para já funcionar plenamente.

Permite diversos modos de desenvolvimento

Tal como o JavaScript, o Python é uma linguagem multiparadigmática. Assim, ela permite o desenvolvimento de diversas formas diferentes, garantindo ao programador uma ampla variedade de métodos e de padrões de programação para uso.

É multiuso

Como citado anteriormente, o Python tem uma variedade imensa de usos e de frameworks, podendo abranger tanto o desenvolvimento back-end com uso do framework Django, inteligência artificial, ciência de dados, desenho de grafos, criação de scripts, de webcrawlers e mais uma infinidade de coisas. O Python é pau pra toda obra!

É open source

O Python é construído em C e interpretado antes de ser compilado, ou seja, o que é escrito é “traduzido” antes de se compilar. Saber isso é importante para entender uma coisa: por ser open source, é possível fazer o download do código-fonte do Python e efetivamente modificar a linguagem por debaixo dos panos ao seu gosto, permitindo que o próprio usuário faça melhorias. Além disso, ela é inteiramente gratuita para uso e instalação, sendo ideal para quem não tem muita condição para investir no início de sua educação.

É muito simples

Além de tudo isso, como citado anteriormente, é muito fácil dar o pontapé inicial para o aprendizado do Python. No entanto, muito falamos e pouco explicamos: como é que se começa a aprender essa linguagem, afinal de contas?

Como começar a aprender

Primeiramente, você precisa fazer o download do Python na sua máquina. Felizmente, tanto a página nacional quanto internacional da organização têm documentações e tutoriais ótimos que explicam como dar os primeiros passos no aprendizado, além de ensinar como fazer o download. Basta entrar em qualquer um dos dois sites, ir à área de Download e selecionar a versão LSR (latest source release) para fazer o download de acordo com o seu sistema operacional.

Agora, é possível começar a programar! Para tanto, basta pegar a IDE que você mais gostar e começar a programar, usando a extensão .py para a sua aplicação. Veja o exemplo:

No VSCode, abrimos um arquivo de nome exemplo.py e chamamos a função print, que imprime algo para o console. Neste caso, temos o nosso primeiro Hello World! Agora, vamos ver como fazer isso rodar:

No terminal, precisamos apenas chamar o comando python3 e o nome do arquivo, e ele executará o que foi programado para que ocorresse. Nesse caso, como apenas chamamos a função print e mandamos que ele imprimisse “Hello World!”, foi exatamente isso que aconteceu.

Agora, vamos apimentar um pouco o caso. Para aqueles que já sabem algo de programação, uma das coisas mais elementares é o uso de laços de repetição, em especial o for. Vamos ver como isso funciona no Python:

Assim, criamos um for que conta dos índices 0 ao 9, e, em cada repetição, ele imprime o índice na tela. Vamos executar:

Assim, o laço foi executado 10 vezes e, a cada execução, foi impresso o índice em que o laço estava na execução atual.

Controvérsias do Python

Como citamos anteriormente, o Python também é muito odiado pelos desenvolvedores que já tiveram contato, especialmente pelos que vieram de outras linguagens mais “rígidas” e com padrões mais bem coordenados, como Java ou C. Vou trazer de volta o código do exemplo com laço for aqui para que você possa observar bem:

Observe bem algumas coisas. Primeiro de tudo, o laço não tem chaves para determinar qual o escopo da função. Não há nada que determine onde ela termine, certo? Errado. É a endentação da função que determina até onde o for vai e, depois, o que é que vem mais tarde. Apesar de ser muito fácil de entender à primeira vista, depois fica fácil de entender qual a crítica em cima do caso: se você esquecer de endentar um bloco, ele simplesmente vai para fora do escopo da função e todo o seu código pode falhar graças a isso. Maravilhoso!

Além disso, observe bem esse for. Note um detalhe: ele não tem parênteses para indicar onde começam e onde terminam as instruções dele. E o que é essa função range? Para quem veio de outra linguagem, até mesmo do JavaScript, esse código parece alienígena.

No entanto, não é tão difícil de pegar o jeito, já que a linguagem foi desenhada para a facilidade. O range é uma função que constrói um array com números que vão até o determinado menos 1. A função também pode aceitar mais parâmetros para determinar de onde até onde vão esses números.

Por fim, notemos outra coisa: a variável i é declarada sem nenhum aviso prévio. Ela simplesmente aparece lá. É assim que funcionam as variáveis em Python: basta dizer, no meio do código, o nome da variável, e depois fazer uma atribuição para ela. Nem um let temos antes, como no JavaScript! É por isso que é tudo muito estranho e novo para quem não conhece anteriormente. Parece ser simples demais para quem está acostumado com coisas mais completas.

Conclusão

Com tudo isso, pode-se notar o quão útil e bom é o Python, especialmente quando usado no contexto ideal. É excelente para a iniciação no mundo da programação, além de também ser excepcional em cumprir aquelas coisas nas quais ele é melhor. Ciência de dados e inteligência artificial basicamente só são feitos em Python, e desenhos são mais otimizados nessa linguagem. É também com ele que podemos gerar scripts com maior facilidade e utilidade. Por exemplo, aqueles scripts para otimização e edição de imagens são todos em Python!

No entanto, toda linguagem tem seus altos e baixos, e nenhuma é perfeita. Python, em específico, é vítima de muitas críticas junto ao JavaScript. Graças a isso, muitos preferem fugir dessas linguagens, e existem enormidades de memes nas redes sociais sobre os vários problemas delas.

Típico meme com Python.

Por isso, caso você seja realmente iniciante na programação, Python é talvez o mais recomendado. No entanto, tome cuidado: ele não te prepara muito bem para o que você vai enfrentar com outras linguagens, especialmente se você quiser ir para algo de baixo nível. O caminho é fácil, mas perigoso!

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